A obra Evangelho Segundo o Espiritismo, codificada por Allan Kardec, reúne os ensinamentos morais de Jesus interpretados à luz do espiritismo. Entre os capítulos mais significativos, encontramos “Bem-Aventurados os Aflitos”, que aborda diferentes reflexões sobre o sofrimento, suas causas e seus desdobramentos espirituais. Uma dessas reflexões é a passagem intitulada “Se fosse um homem de bem teria morrido”, que nos convida a pensar sobre a relação entre a vida terrena, a morte e o progresso dos espíritos.
Este tema é profundo e delicado, pois envolve a interpretação equivocada que muitas vezes se faz sobre a morte de pessoas boas em contraposição à sobrevivência de pessoas consideradas más. O objetivo deste texto é explicar, de forma didática e clara, como o Evangelho Segundo o Espiritismo compreende esse ensinamento, ajudando-nos a entender que a vida e a morte obedecem a uma lógica espiritual que vai além da visão limitada que temos no mundo material.
A Visão Humana da Morte e a Perspectiva do Espiritismo
É comum que, diante da morte prematura de alguém virtuoso, ou da longevidade de uma pessoa considerada injusta, surja a indagação: por que os bons morrem cedo e os maus permanecem? Essa reflexão, que muitas vezes se reveste de indignação e dúvida, é esclarecida pelo espiritismo sob uma ótica de justiça divina e evolução espiritual.
Segundo o evangelho, a morte não deve ser entendida como punição ou recompensa, mas como um processo natural de transição para a verdadeira vida: a espiritual. Os espíritos não deixam de existir com o fim da vida física; eles retornam ao plano espiritual, onde prosseguem sua caminhada de aprendizado e progresso.
O Sentido da Partida dos Homens de Bem
O Evangelho Segundo o Espiritismo explica que, muitas vezes, a morte de pessoas consideradas de bem é uma forma de poupá-las de sofrimentos e provas mais duras no mundo material. Como prêmio por sua conduta virtuosa, esses espíritos podem ser chamados mais cedo para o plano espiritual, onde desfrutam de maior paz e bem-aventurança.
Essa ideia pode parecer estranha aos olhos humanos, mas, quando vista sob a ótica do espiritismo, revela-se profundamente justa e consoladora. Deus, em sua sabedoria, sabe o que cada espírito necessita para evoluir, e conduz cada existência segundo planos perfeitos.
A Permanência dos Maus na Terra
Enquanto isso, o prolongamento da vida de pessoas consideradas más não significa privilégio ou proteção. Pelo contrário, conforme ensina o evangelho, essa permanência pode representar uma oportunidade para que esses espíritos se arrependam, se transformem e busquem reparar seus erros. Viver mais tempo pode ser, muitas vezes, um meio de aprendizado doloroso, no qual a pessoa colhe as consequências de seus atos e tem a chance de mudar de conduta.
Assim, o que parece injusto à primeira vista – o mau vivendo mais que o bom – encontra explicação racional no espiritismo, que vê cada encarnação como uma etapa dentro de uma jornada muito maior.
O Sofrimento dos que Ficam
Se fosse um homem de bem teria morrido: quando um ente querido desencarna, especialmente alguém reconhecido como virtuoso, os que ficam costumam mergulhar na dor e, por vezes, se revoltam contra Deus. O Evangelho Segundo o Espiritismo alerta, no entanto, que a revolta não ajuda nem os encarnados nem os desencarnados. Os espíritos que partem necessitam de serenidade, preces e vibrações de amor para seguir sua jornada de forma tranquila.
Para os que ficam, o desafio é encarar a dor como prova de fé e confiança em Deus. O espiritismo ensina que a saudade e a tristeza são naturais, mas que o desespero e a revolta apenas prolongam o sofrimento e dificultam a compreensão do verdadeiro sentido da vida.
A Justiça Divina e o Progresso dos Espíritos
O ensinamento de que os bons podem ser chamados antes e os maus permanecerem mais tempo está em total sintonia com a justiça divina. O evangelho mostra que nada acontece sem razão, e que todas as situações da vida – tanto a partida de alguém querido como a permanência de outros – possuem finalidades específicas no progresso dos espíritos.
Deus, sendo justo e bom, não age de forma arbitrária. Pelo contrário, cada acontecimento é parte de uma pedagogia maior, destinada a conduzir os espíritos ao aperfeiçoamento. O que parece injusto sob a visão terrena é, na verdade, parte de um plano sábio e amoroso.
A Importância da Fé e da Esperança
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos convida a cultivar a fé e a esperança diante das situações dolorosas. A fé nos ajuda a compreender que não há acaso, que cada morte e cada vida têm propósitos definidos. A esperança nos dá forças para prosseguir, confiando na providência divina e aguardando o reencontro com os entes queridos no tempo certo.
O espiritismo reforça que a morte não é o fim, mas apenas uma mudança de estado. Os laços de amor verdadeiro não se rompem com a desencarnação; pelo contrário, permanecem vivos e ativos, sustentando tanto os encarnados quanto os desencarnados.
Exemplos Práticos da Lição
Podemos pensar em exemplos do cotidiano para compreender melhor esse ensinamento. Quando uma criança ou jovem bondoso desencarna precocemente, a família pode se perguntar por que Deus permitiu isso. Sob a ótica do evangelho, entende-se que esse espírito cumpriu sua missão e foi chamado de volta para evitar sofrimentos futuros ou para servir de lição de fé aos que ficaram.
Da mesma forma, uma pessoa que vive longos anos, apesar de atitudes reprováveis, pode estar recebendo uma chance a mais de se transformar, de reparar seus erros e de aprender com as próprias consequências. O espiritismo vê nisso a ação da misericórdia divina, que nunca abandona nenhum de seus filhos.
Conclusão
O ensinamento “Se fosse um homem de bem teria morrido”, presente em O Evangelho Segundo o Espiritismo, é um convite à reflexão sobre a vida, a morte e a justiça divina. Ele nos mostra que não devemos julgar os acontecimentos apenas pela visão material, pois a realidade espiritual é muito mais ampla e complexa.
O espiritismo nos ensina que a morte dos bons não é injustiça, mas bênção, e que a vida prolongada dos maus não é privilégio, mas oportunidade de reparação. Os espíritos, em sua jornada evolutiva, passam por diferentes experiências, todas elas destinadas ao aperfeiçoamento.
Assim, o evangelho nos oferece consolo e esperança, mostrando que nada acontece por acaso e que a justiça divina se manifesta em todas as circunstâncias. O Evangelho Segundo o Espiritismo é, portanto, uma fonte de luz e compreensão, capaz de transformar a dor em aprendizado e a dúvida em confiança na sabedoria de Deus.
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