O mal e o remédio

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O Evangelho Segundo o Espiritismo, codificado por Allan Kardec, é uma das principais obras do espiritismo, trazendo luz à interpretação moral dos ensinamentos de Jesus à luz da realidade espiritual e da reencarnação. Entre os capítulos mais profundos dessa obra encontra-se “Bem-Aventurados os Aflitos”, onde o tema “O mal e o remédio” é abordado com clareza e profundidade. Esse trecho convida à reflexão sobre as causas e finalidades do sofrimento humano, apresentando o sofrimento não como punição, mas como caminho necessário à regeneração e ao progresso dos espíritos.

Neste texto, vamos explorar didaticamente o conteúdo desse ensinamento, destacando como o espiritismo compreende o mal, a dor e o sofrimento como meios educativos dentro do plano divino. A proposta é oferecer uma compreensão consoladora e racional que ajude o leitor a perceber os males da vida sob uma nova ótica, mais espiritualizada e otimista.

A Visão Espírita sobre o Mal

Para o espiritismo, o mal não é uma criação de Deus, mas consequência da ignorância e do livre-arbítrio mal empregado pelos espíritos. Através de escolhas equivocadas, os espíritos acabam por gerar desequilíbrios que, mais tarde, retornarão sob forma de provas e expiações. Nesse sentido, o mal é transitório, pois à medida que os espíritos evoluem, abandonam práticas e pensamentos negativos, aproximando-se cada vez mais do bem e da sabedoria divina.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, aprendemos que muitos dos sofrimentos vivenciados pelos seres humanos têm origem nas próprias ações passadas. Esses sofrimentos funcionam como um remédio espiritual, destinado a corrigir tendências nocivas e despertar o espírito para valores mais elevados. Ou seja, o mal, quando compreendido e enfrentado com coragem e resignação, transforma-se em instrumento de cura e redenção.

O Sofrimento como Remédio da Alma

No capítulo analisado, o evangelho nos mostra que as aflições que enfrentamos na vida atual são, muitas vezes, o remédio necessário para curar males espirituais mais profundos. A analogia feita é com a medicina terrena: um tratamento pode ser doloroso, mas se for eficaz na cura, será considerado um bem. Da mesma forma, as provas e dores da vida têm um papel regenerador, ainda que, num primeiro momento, sejam difíceis de suportar.

O espiritismo nos ensina que nada ocorre por acaso. Cada dor tem um propósito, cada aflição, uma razão de ser. Os espíritos encarnados enfrentam desafios que foram aceitos antes do nascimento como parte de um plano reencarnatório. Esses desafios visam o crescimento moral e espiritual, permitindo que o espírito avance na escala evolutiva.

O Papel do Livre-Arbítrio

A liberdade de escolha é um princípio fundamental do espiritismo. Os espíritos são livres para agir, mas são responsáveis pelas consequências de seus atos. Quando um espírito opta por um caminho errado, ele inevitavelmente colherá os frutos dessa escolha. No entanto, Deus, em sua infinita misericórdia, oferece sempre a possibilidade de correção e regeneração. É aí que entra o papel do sofrimento como ferramenta para reequilibrar e reorientar a jornada espiritual.

No evangelho segundo o espiritismo, a dor não é um castigo divino, mas um recurso pedagógico. Assim como o educador corrige seu aluno para que ele aprenda, Deus permite que o espírito colha o resultado de suas ações para que compreenda, evolua e se transforme. Essa visão oferece uma perspectiva libertadora e profundamente consoladora sobre o sofrimento.

A Justiça das Provas

O mal e o remédio: Muitos questionam por que pessoas boas sofrem ou por que certas dores parecem injustas. O espiritismo responde a essas questões considerando a pluralidade das existências. O espírito não vive apenas uma vida, mas inúmeras encarnações, e aquilo que parece injusto hoje pode ser a justa reparação de erros do passado.

No evangelho, aprendemos que Deus, sendo justiça e bondade infinitas, nunca permite sofrimentos inúteis ou desproporcionais. Tudo tem um motivo justo e uma finalidade elevada. Saber disso é um grande consolo, pois permite ao indivíduo encontrar sentido em suas dores e forças para superá-las com dignidade e esperança.

A Postura Diante do Sofrimento

Diante das aflições, o evangelho segundo o espiritismo nos convida a desenvolver virtudes como a paciência, a resignação, a fé e a caridade. Bem sofrer é aceitar as provas com compreensão e serenidade, sem revolta ou desespero. Mal sofrer é se entregar à queixa constante, à desesperança e ao egoísmo.

A forma como enfrentamos o sofrimento define nossa evolução. Os espíritos que compreendem o sentido das provas e mantêm uma postura elevada diante da dor progridem mais rapidamente, fortalecem-se espiritualmente e influenciam positivamente aqueles ao seu redor. A dor, quando bem compreendida, é como o fogo que purifica o ouro: dolorosa, mas essencial.

A Ação dos Bons Espíritos

Durante os momentos de aflição, os bons espíritos nunca nos abandonam. O evangelho ensina que estamos cercados por entidades benevolentes que nos amparam, nos inspiram e nos fortalecem. A oração sincera, o cultivo de bons pensamentos e a prática da caridade são formas de atrair essas influências positivas.

O espiritismo valoriza a relação entre os mundos material e espiritual. Saber que não estamos sozinhos, que há uma rede de amor e apoio espiritual, conforta o coração e dá forças para enfrentar os desafios da vida. O auxílio dos bons espíritos é uma realidade acessível a todos, bastando para isso abrir o coração com humildade e fé.

Conclusão

O ensinamento de “O mal e o remédio”, presente no capítulo “Bem-Aventurados os Aflitos” do Evangelho Segundo o Espiritismo, é uma lição de profundo consolo e sabedoria. Ele nos mostra que o sofrimento não é um castigo, mas uma oportunidade. O mal, quando visto sob a ótica espiritual, deixa de ser um fardo e passa a ser um instrumento de cura e progresso.

A proposta do espiritismo é nos conduzir a uma vida de compreensão, resignação e amor. Ao entender o papel das dores, os espíritos se fortalecem e se iluminam, superando suas dificuldades com fé e coragem. O evangelho, longe de ser apenas um livro religioso, torna-se um manual de vida, capaz de transformar a dor em esperança, a queda em aprendizado e o sofrimento em redenção.

Assim, o evangelho segundo o espiritismo se revela como uma fonte inesgotável de consolo, esclarecimento e renovação. Ele nos ensina que, por trás de cada mal, há um remédio divino, e que, com fé e esforço, podemos transformar as adversidades em degraus rumo à perfeição espiritual.

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