Os animais e o homem

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O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec em 1857, é a obra fundamental do espiritismo e apresenta respostas dos espíritos superiores a questões que envolvem a origem, a natureza e o destino da humanidade. Dentro de seus ensinamentos, um dos capítulos que desperta maior curiosidade é o que trata dos três reinos da natureza, especificamente “Os animais e o homem” .

O tema “Os animais e o homem” é importante porque aborda diferenças e semelhanças entre esses dois estágios da criação, levantando reflexões sobre consciência, inteligência e moralidade. O espiritismo, por meio da obra de Kardec, traz explicações que buscam conciliar a ciência, a filosofia e a espiritualidade, oferecendo uma visão ampliada sobre a vida e o progresso do espírito.

O Lugar dos Animais na Criação

Segundo o Livro dos Espíritos, os animais possuem vida, sensações e uma forma de inteligência limitada. Eles se encontram em um nível intermediário na escala da criação, acima dos minerais e vegetais, mas ainda aquém da condição humana.

Os espíritos esclarecem que o animal tem instintos que o orientam em suas necessidades básicas de sobrevivência, mas não possui o livre-arbítrio ou a capacidade de refletir moralmente sobre suas ações. Diferente do homem, o animal não distingue entre bem e mal; age impulsionado por instintos e por aprendizagens adquiridas ao longo de sua convivência.

Esse entendimento não diminui a importância dos animais no conjunto da criação divina. Pelo contrário, revela que eles também fazem parte do grande plano evolutivo e cumprem funções fundamentais no equilíbrio da natureza e na experiência do espírito em processo de desenvolvimento.

O Homem e Sua Singularidade

O homem, segundo o espiritismo, representa um estágio mais elevado na escala dos seres vivos. Isso ocorre porque, além da inteligência, o ser humano possui consciência moral e a capacidade de distinguir entre certo e errado. O homem também tem livre-arbítrio, o que lhe permite escolher suas ações e arcar com as consequências, dentro da lei de causa e efeito.

No Livro dos Espíritos, os espíritos superiores deixam claro que o que diferencia essencialmente o homem dos animais é a presença do espírito imortal, dotado de razão e de senso moral. Essa centelha divina confere ao homem a responsabilidade pelo seu progresso espiritual, tornando-o co-criador em sua própria jornada evolutiva.

Portanto, embora compartilhem algumas semelhanças biológicas, animais e homens se distinguem pela natureza do espírito que anima o corpo humano.

A Questão da Inteligência Animal

Uma dúvida frequente é se os animais possuem algum tipo de espírito semelhante ao do homem. O espiritismo esclarece que os animais possuem um princípio inteligente em desenvolvimento, que é diferente do espírito humano, mas que segue um caminho de progresso.

Esse princípio inteligente dos animais representa uma etapa preparatória para a individualização plena, que ocorre apenas no ser humano. Enquanto no homem o espírito é consciente de si mesmo e de sua relação com Deus, no animal ainda predomina o instinto, com pequenas manifestações de inteligência, como aprendizado e adaptação.

O Livro dos Espíritos também destaca que os animais têm uma forma de comunicação e de vida social, mas isso não deve ser confundido com moralidade. O que existe é uma organização instintiva que garante a sobrevivência e o equilíbrio das espécies.

O Vínculo entre Animais e Homens

Uma das contribuições mais significativas do espiritismo nesse tema é a explicação do papel dos animais na vida do homem. Além de contribuírem para a manutenção da vida material — fornecendo alimento, trabalho e companheirismo —, os animais também têm função pedagógica, pois ajudam a despertar no homem sentimentos de cuidado, respeito e compaixão.

O Livro dos Espíritos ressalta que o homem deve zelar pelos animais, evitando crueldades e abusos. O espírito que pratica a bondade com os animais eleva sua própria condição moral, demonstrando sensibilidade e respeito pela criação divina. Essa atitude reflete a compreensão de que todos os seres têm sua importância no grande plano da evolução.

Sobre a Vida Após a Morte nos Animais

Os animais e o homem: outro ponto de interesse abordado pelo espiritismo é o destino dos animais após a morte. O Livro dos Espíritos ensina que os animais não possuem a mesma imortalidade consciente que o homem, pois não têm espírito individualizado com responsabilidade moral.

No entanto, o princípio inteligente que os anima não se perde. Ele retorna ao plano espiritual em estado latente, sendo preservado pela lei divina e preparado para futuras etapas de desenvolvimento. Esse processo é parte da marcha progressiva da criação, que visa ao aperfeiçoamento contínuo do espírito em diferentes graus de consciência.

A Superioridade Moral do Homem

Embora os animais possuam inteligência instintiva, o homem se destaca por seu senso de justiça, por sua capacidade de amar de forma desinteressada e por poder desenvolver virtudes espirituais.

O Livro dos Espíritos aponta que é justamente essa superioridade moral que dá ao homem a missão de cuidar da Terra e de utilizar os recursos naturais com responsabilidade. Quando o homem age de forma egoísta, abusando da natureza ou maltratando os animais, demonstra atraso espiritual e se distancia das leis divinas.

No espiritismo, essa responsabilidade reforça a necessidade de evolução moral. O espírito humano progride à medida que aprende a respeitar todas as formas de vida, compreendendo que cada ser ocupa um lugar específico no plano de Deus.

Animais e Espiritualidade no Cotidiano

Muitos se perguntam se os animais podem perceber ou interagir com espíritos. De acordo com o espiritismo, isso é possível em alguns casos, pois os animais possuem sensibilidade a certas vibrações sutis. Porém, eles não estabelecem comunicação consciente com os espíritos, como ocorre com os médiuns humanos.

Essa sensibilidade pode explicar comportamentos inesperados em animais diante de determinadas presenças ou ambientes, mas não significa que eles tenham mediunidade no sentido humano.

Esse ponto reforça mais uma vez a diferença fundamental: enquanto o homem é guiado pelo espírito imortal, os animais estão em processo de preparação e desenvolvimento.

Conclusão

O estudo do capítulo “Os animais e o homem” em O Livro dos Espíritos proporciona uma visão ampla e esclarecedora sobre as diferenças e semelhanças entre esses dois reinos da natureza. O espiritismo ensina que os animais possuem um princípio inteligente em evolução, mas é no homem que o espírito atinge a consciência moral, tornando-se responsável por suas escolhas e pelo seu progresso.

Compreender esse tema é essencial para que o homem desenvolva respeito e compaixão por todas as formas de vida, reconhecendo o valor dos animais na criação divina e no aprendizado humano.

Assim, o espiritismo nos convida a refletir sobre nossa posição no mundo e sobre a missão do espírito humano: evoluir moral e intelectualmente, cuidando da Terra e de seus habitantes com amor e responsabilidade.

Dessa forma, o Livro dos Espíritos mostra que os animais e os homens não são rivais na criação, mas sim partes complementares de um mesmo plano evolutivo, conduzido pela sabedoria infinita de Deus.

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