Os tormentos voluntários

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O Evangelho Segundo o Espiritismo, obra fundamental codificada por Allan Kardec, traz reflexões profundas sobre a vida, a dor, a felicidade e o destino dos espíritos em sua jornada evolutiva. Entre os capítulos de maior impacto moral está “Bem-aventurados os aflitos”, que apresenta ensinamentos valiosos sobre o sentido das provas e das dificuldades que enfrentamos ao longo da existência.

Dentro deste contexto, há um ponto de grande importância: os tormentos voluntários. Essa expressão, presente no evangelho, refere-se às dores e sofrimentos que nós mesmos criamos, seja pela maneira equivocada de viver, seja pelas escolhas pautadas em orgulho, egoísmo ou falta de resignação diante das leis divinas.

Neste texto, vamos analisar de forma clara e didática o que significa “os tormentos voluntários” segundo o espiritismo, como eles afetam a vida material e espiritual, e de que maneira podemos transformá-los em oportunidades de aprendizado e crescimento.

A Natureza dos Tormentos Voluntários

Ao refletir sobre as causas de nossas aflições, o evangelho segundo o espiritismo mostra que nem todo sofrimento é imposto pela providência divina. Muitos males resultam da maneira como conduzimos nossa vida e da forma como reagimos diante das dificuldades.

Os tormentos voluntários são aqueles que criamos por nossas próprias mãos, seja pelo excesso de ambição, pela busca desenfreada do prazer, pela vaidade, pela inveja ou por atitudes que contrariam as leis da natureza e da moral.

No fundo, são dores desnecessárias, que poderiam ser evitadas se houvesse mais equilíbrio, humildade e discernimento. Os espíritos superiores esclarecem que grande parte das angústias humanas são consequências diretas das escolhas individuais.

O Evangelho e a Ilusão dos Prazeres Materiais

O evangelho recorda que muitos tormentos nascem da ilusão de que a felicidade plena pode ser encontrada apenas nos bens materiais ou nos prazeres passageiros. Essa busca incessante gera frustração, ansiedade e vazio interior, pois nada do que é material é capaz de saciar a alma.

Quando o homem se prende exclusivamente à riqueza, ao poder ou à aparência física, cria para si sofrimentos desnecessários. Isso porque o apego excessivo às coisas transitórias o torna escravo da instabilidade do mundo. Basta uma perda, uma mudança ou uma decepção para que o desespero se instale.

O espiritismo nos ensina que a verdadeira felicidade é espiritual e não depende de circunstâncias externas. Assim, compreender os limites da matéria e cultivar valores morais é um caminho eficaz para evitar tormentos voluntários.

Espíritos e a Influência dos Desejos Desordenados

Outro ponto importante trazido pelo evangelho segundo o espiritismo é a ligação entre os tormentos voluntários e o estado evolutivo dos espíritos. Quanto mais imaturos espiritualmente, mais tendem a se deixar dominar por desejos desordenados, paixões e ilusões.

Esses espíritos, ao reencarnar, enfrentam as consequências de suas escolhas, muitas vezes criando provas desnecessárias para si mesmos. Já os espíritos mais esclarecidos compreendem melhor a importância da moderação, da paciência e da resignação, evitando sofrimentos que poderiam ser evitados.

Assim, a forma como cada um administra suas emoções e desejos reflete diretamente no equilíbrio da própria existência.

O Orgulho e a Vaidade Como Fontes de Sofrimento

Segundo o espiritismo, duas das maiores causas dos tormentos voluntários são o orgulho e a vaidade. O orgulho faz com que o indivíduo se sinta injustiçado em qualquer situação que contrarie sua vontade. Já a vaidade o leva a buscar reconhecimento constante, tornando-o vulnerável à frustração.

O evangelho alerta que essas posturas apenas ampliam as dores humanas. Quem aprende a viver com humildade e simplicidade conquista paz interior e não se deixa afetar com tanta intensidade pelas contrariedades do mundo.

O Papel da Fé e da Resignação

O evangelho segundo o espiritismo ensina que a fé racional e a resignação são ferramentas poderosas para evitar tormentos voluntários. Quando o ser humano confia nas leis divinas e compreende que tudo tem um propósito maior, passa a lidar com os desafios de maneira mais serena.

A resignação não é conformismo, mas uma postura ativa de confiança e aceitação, que permite transformar a dor em aprendizado. A fé esclarecida, por sua vez, impede que o homem se deixe abater pelo desespero, pois ele passa a compreender que a vida terrena é apenas uma etapa na evolução dos espíritos.

Exemplos de Tormentos Voluntários no Cotidiano

No cotidiano, é fácil identificar situações em que os tormentos voluntários se manifestam. Uma pessoa que se endivida excessivamente para sustentar um padrão de vida acima de suas possibilidades cria para si mesma ansiedade e sofrimento.

Outro exemplo é aquele que se deixa dominar pela inveja, alimentando ressentimentos constantes e nunca encontrando paz. Da mesma forma, quem busca incessantemente prazeres materiais pode cair em vícios que destroem a saúde física e mental.

Esses exemplos mostram como o sofrimento pode nascer das próprias escolhas, e não de imposições divinas.

A Orientação dos Espíritos Superiores

Os espíritos superiores, através da obra de Kardec, ensinam que é possível reduzir esses tormentos pela prática da vigilância, da prece e da caridade. Eles lembram que cada um é responsável por cultivar pensamentos e sentimentos elevados, que funcionam como defesa contra o sofrimento desnecessário.

No evangelho, somos aconselhados a buscar a simplicidade, a confiança em Deus e a prática do bem como meios de libertação. Dessa forma, não eliminamos todas as provas inevitáveis da vida, mas evitamos aquelas que só surgem por causa da imprudência ou da vaidade.

A Transformação Interior Como Caminho

O espiritismo ressalta que os tormentos voluntários podem ser superados pela transformação interior. Isso envolve mudar a forma de pensar, sentir e agir, substituindo atitudes egoístas por gestos de amor e fraternidade.

O evangelho segundo o espiritismo destaca que essa transformação é gradual e exige esforço, mas cada pequeno passo dado rumo ao bem já representa uma vitória contra os sofrimentos desnecessários.

Conclusão

O estudo de “Os tormentos voluntários”, presente em O Evangelho Segundo o Espiritismo, mostra que grande parte de nossas aflições não provém da vontade divina, mas de nossas próprias escolhas e posturas diante da vida. O espiritismo nos convida a refletir sobre como administramos nossas emoções, desejos e ambições, lembrando que a felicidade verdadeira não está no acúmulo de bens ou na satisfação imediata, mas no progresso moral e espiritual.

Os espíritos superiores ensinam que, ao cultivar a fé, a resignação e a caridade, conseguimos evitar sofrimentos desnecessários e transformar a existência em um caminho de aprendizado e paz.

Assim, o evangelho nos lembra que cada tormento voluntário pode ser evitado quando vivemos em sintonia com as leis divinas, confiando na bondade de Deus e no poder transformador do amor. Ao aplicarmos esses ensinamentos, deixamos de criar dores inúteis e abrimos espaço para a verdadeira felicidade, que só pode ser encontrada no crescimento interior e na evolução dos espíritos.

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